Atividade é reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro
Suellem Mendes
O caminho traçado pela Capoeira começa no século XVI, época em que o Brasil era colônia de Portugal e onde a mão-de-obra escrava africana predominava, principalmente nos engenhos. Mas os primeiros registros de sua prática datam do século XVIII nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Recife.
Quase 300 anos depois, ela é reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro, através de proposta realizada em reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Salvador.
Para José de Moraes, professor universitário, formado em Pedagogia e conhecido na Capoeira como Mestrando Pai de Santo, essa medida veio com anos de atraso. “É uma questão de dignidade humana reconhecer os velhos mestres como fruto e como água que o regou para chegar a essa conquista”, desabafa.
Pai de Santo é praticante da Capoeira de Angola, estilo onde o ritmo musical é mais lento, os golpes são realizados mais próximos do solo e com muita mandinga, malícia na linguagem dos capoeiristas. Ele trabalha com educação e diz que a capoeira é algo inexplicável. “Ela está tão dentro de mim que eu não consigo criar uma problemática para fazer um trabalho acadêmico sobre ela”.
Para Francisco Gerson do Nascimento, jornalista e mestre de capoeira, já estava mais do que na hora desse reconhecimento acontecer. “É como um alento, um sossego pra nós, porque já estávamos preocupados que outro país viesse e tomasse a nossa capoeira como já tomaram a rapadura e vários outros produtos característicos nossos”, afirma. Segundo Mestre Gerson, isso acontece porque os brasileiros, muitas vezes, não valorizam a sua própria cultura.
Mas além de ser parte importante da cultura do país, a capoeira torna-se sua embaixatriz através da divulgação do universo brasileiro e da Língua Portuguesa. Em qualquer lugar do mundo, a música, parte essencial da capoeira, é cantada em seu idioma de origem, o português.
A Capoeira no Mundo
A Capoeira tem se tornado cada vez mais popular e conquistado espaço em vários países do mundo. Estados Unidos, México, Alemanha e Angola são apenas alguns dos amantes dessa luta, que se torna um exercício físico e mental por causa de suas características.
Recentemente, um evento foi realizado em Caucaia, Ceará, entre os dias 22 e 24 de agosto, pelo grupo Terreiro Capoeira e reuniu capoeiristas de quatro países: Brasil, Angola, Alemanha e Portugal. Ricardo Rodriguez Vasquez, o Urso Branco e Celso de Jesus Pontes, o Xango, respectivamente do México e de Angola, vieram ao Brasil só para participar do IV Simpósio Internacional de Capoeira.
Segundo Celso, já existem vários grupos na Angola, mas que o número de praticantes ainda é um pouco reduzido. Já Ricardo afirma que a capoeira está crescendo muito no México e que há grupos em muitas cidades de seu país.
Ivam Vaz da Silva, o Arrupiado, como é conhecido nas rodas, dá aulas e reside na Alemanha há quatro anos e afirma que a capoeira tem conquistado seu espaço por lá. “A capoeira na Alemanha é nova, mas já há vários mestres de renome em atividade”, diz.
Conheça um pouco mais sobre a capoeira!
Um comentário:
Parabéns, amiga!!!
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